Marcando mais uma etapa na restauração do Cerrado, com o período das chuvas, a equipe do Projeto Águas Cerratenses: semear para Brotar deu início aos plantios de 2024. Com 6,8 toneladas de sementes nativas, serão restaurados, nos meses de novembro e dezembro,  mais de  200 hectares em diversas áreas. 

Segundo a coordenadora do projeto, Alba Cordeiro, é uma imensa  satisfação executar o último período de chuvas do projeto, que proporcionou inúmeras oportunidades e aprendizados. “Tivemos a chance de enfrentar os diversos desafios, promover a recuperação em larga escala e observar nosso avanço ao longo do tempo. Chegamos a este último período de plantio mais maduros, com uma bagagem valiosa de aprendizados, erros e acertos. É gratificante ver a equipe bem alinhada, a participação ativa da comunidade e as transformações acontecendo”, avaliou.

PETER

Localizado em São Domingos, em Goiás, no Parque Estadual Terra Ronca (PETER) serão restaurados quase 165 hectares, divididos em seis talhões distintos. De acordo com Murielli Garcia, Gerente de Restauração do Projeto, “a  restauração nestas áreas envolve diferentes formas de plantio, conforme as necessidades e condições específicas de cada área. Na área conhecida como Andropogon, por exemplo, onde há muito afloramento rochoso e solo raso, o plantio será manual em covetas”, explicou.

Já na área Angélica, duas técnicas de semeadura estão sendo utilizadas: uma através de plantio em microbacias e a outra é a utilização de biomantas feitas de palhada residual da coleta das sementes de capim. Henrique dos Santos, técnico em restauração do Projeto, explica que o plantio no formato de microbacias permite o acúmulo de água próximo às espécies semeadas. “Desta forma as plantas cultivadas em volta das microbacias terão menos impactos se ocorrerem secas extremas, principalmente, durante a fase inicial da planta”, acrescentou.

As biomantas foram confeccionadas pela equipe do projeto a partir da sobra do pendão dos capins coletados. No processo de beneficiamento as sementes são retiradas do pendão sobrando a palha do capim. Esse material, normalmente descartado, ainda contém muitas sementes, o que destaca a importância de seu aproveitamento. “Optamos por aplicar essas biomantas na área da Angélica, onde há grande ocorrência de voçorocas, tornando necessária uma técnica para estabilizar e proteger o solo, promovendo condições para o restabelecimento da vegetação nativa. Essas biomantas cumprem esse papel, além de manter a umidade do solo ", detalhou Murielli Garcia.

Parque do Preguiça e Hy Brasil

Duas áreas em Alto Paraíso de Goiás serão restauradas este mês. Na Fazenda Hy Brasil, localizada em Alto Paraíso de Goiás, serão restaurados de forma manual em linhas e entrelinhas seis hectares de um total de 30 que já foram iniciados o plantio. O plantio será manual em linhas e entrelinhas.

No dia 23 de novembro, o Parque Municipal do Preguiça receberá um mutirão de plantio, com expectativa de restaurar 6,7 hectares. O plantio contará com 58 espécies de sementes, incluindo árvores, arbustos e capins nativos, e será realizado de forma manual, utilizando linhas, covetas, biomantas e canteiros.

P.A. Flor da Serra

Com previsão de início para dezembro,o Projeto de Assentamento (P.A.) Flor da Serra está localizado em Planaltina de Goiás e serão  restaurados 34 hectares. Para o plantio a equipe do projeto utilizará 54 espécies de sementes nativas do Cerrado e 2,07 toneladas de sementes. Na área o plantio será mecanizado. 

Sobre  o Projeto

Financiado pelo Fundo Socioambiental CAIXA, o Projeto é executado pela Rede de Sementes do Cerrado em parceria com a Semeia Cerrado e a Associação de Coletores Cerrado de Pé. A iniciativa visa a restauração de 600 hectares de Cerrado, por meio do fortalecimento da cadeia de produção de sementes nativas de base comunitária para geração de renda familiar, bem como a sensibilização e envolvimento das propriedades rurais.