Em janeiro de 2022, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), divulgou a suspensão, a partir de abril, do projeto de monitoramento de dados sobre o desmatamento no Cerrado. Conforme o Instituto, a falta de investimentos seria o motivo. Esta informação tem causado preocupações aos órgãos e entidades ligadas à conservação e restauração deste importante bioma brasileiro. Para compreender um pouco mais sobre os impactos desta suspensão, o 6º episódio do Podcast Semeando discute o tema com a pesquisadora, Ane Alencar, mestre em sensoriamento remoto e doutora em conservação dos recursos naturais.

Diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Ane Alencar, explicou que um país que não tem um dado fundamental como o de monitoramento do seu território, da perda de cobertura vegetal nativa, é um país que opera às cegas. Para ela, o trabalho desenvolvido pelo INPE nas últimas décadas, provendo dados de desmatamento para o cerrado e para a Amazônia tem sido fundamental para o país. “Não é possível pensar em políticas públicas, como por exemplo a questão dos recursos hídricos, alocação de populações tradicionais, sem os dados de monitoramento”, disse.

Ane destacou ainda, que o Cerrado é um bioma estratégico para o Brasil. “Localizado na região Central o Cerrado é muito especial, pois é uma das savanas mais ricas em biodiversidade do mundo e abriga vários dos rios que abastecem o nosso Brasil afora. Além disso contém grande parte da nossa produção agropecuária. O Brasil está sendo observado por conta da sua ação em relação a agenda ambiental e se não temos como olhar oficialmente o que está acontecendo, será muito difícil transmitir credibilidade. Como os compradores dos nossos produtos do agronegócio vão confiar que estão adquirindo um produto que não degrada o meio ambiente?”, questionou.

Além da suspensão do monitoramento de dados, Ane Alencar citou os aspectos da degradação do Cerrado, bem como a atuação do MapBiomas, uma iniciativa que reúne instituições que buscam atuar no mapeamento do uso e cobertura da terra no Brasil. “É preciso ficarmos alerta para que não falte o alerta sobre o desmatamento do Cerrado”, concluiu a especialista. O bate-papo completo você pode conferir pelos links: Spotify e YouTube.