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    RSC recebe sementes de árvores e arbustos do Cerrado coletadas por Kalungas e pequenos produtores da Chapada dos Veadeiros

     

      Presidente da Associação Cerrado de Pé Claudomiro de Almeida recebendo as sementes da coletora Adelice da comunidade Ema Kalunga 

     

    Passadas as etapas de coleta e beneficiamento das sementes nativas coletadas no início do segundo semestre é chegada a hora da entrega. Na última semana, a equipe técnica do Projeto “Mercado de Sementes e Restauração: Provendo Serviços Ambientais e Biodiversidade”, desenvolvido pela Rede de Sementes do Cerrado (RSC), recebeu as sementes nativas de árvores e arbustos do Cerrado coletadas por Kalungas e pequenos produtores da região da Chapada dos Veadeiros (GO) que integram a Associação de Coletores Cerrado de Pé. A iniciativa foi realizada com todo cuidado conforme os protocolos e medidas de prevenção à covid-19, inclusive, com a distribuição de máscaras e álcool em gel.

    De acordo com a Presidente da RSC e gerente do Projeto, Camila Motta, no primeiro dia, a equipe se deslocou até a comunidade Kalunga do Vão do Moleque para receber as sementes coletadas pelas famílias quilombolas. “Para buscar as sementes nos Kalungas nós tivemos o apoio do Projeto de Pesquisa “Restaurando Campos e Savanas Neotropicais” da NERC/UK e FAPESP/Unicamp que nos cedeu uma caminhonete e quatro voluntários para nos ajudar nesta missão. Pesamos estas sementes e anotamos todas as informações sobre a coleta tais como: as espécies e respectivas quantidades, as áreas onde foram coletadas, a data e os nomes dos coletores. Ficamos felizes de ver a quantidade de mulheres coletoras exercendo esta atividade e complementando suas rendas com coleta de sementes”, destaca a Presidente.

    Na sequência, foi dado início ao recebimento das sementes coletadas pelos coletores de São Jorge, Alto Paraíso, Teresina de Goiás e Cavalcante. A entrega vem sendo, desde então, realizada no próprio Galpão da Associação com a ajuda da equipe da RSC da Chapada juntamente com a Diretoria da Cerrado de Pé e voluntários. “Nós estamos fazendo o mesmo procedimento anterior de anotar e levantar todas as informações sobre a coleta. Isso é muito importante para a regulamentação da coleta de sementes pelo Ministério da Agricultura e também para garantir a qualidade das sementes que estamos ofertando.  Nós estamos no momento de receber as espécies, organizar no galpão e sistematizar estas informações que irão nortear a comercialização de 2020. É importante sabermos se vamos ter sementes excedentes para ofertar ao mercado ainda este ano, já que temos vários pedidos sendo negociados”, acrescenta.  

    Camila reforça ainda, a importância da encomenda antecipada. “Sempre bom destacarmos as vantagens do pedido feito no início do ano e não agora no final.  A encomenda antecipada permite ao coletor planejar a sua coleta e retirar da natureza apenas o que será vendido. Com isso, ele poupa tempo e trabalho. O meio ambiente também tem benefícios, uma vez que são retiradas apenas as quantidades necessárias. Lembrado que o que fica na natureza é importante para a fauna e reprodução e sobrevivência das espécies. Para o cliente, a vantagem é que ele consegue garantir que todas as espécies e quantidades que ele deseja usar na restauração sejam coletadas. Quando a encomenda é feita nesta época do ano, é necessário esperar toda essa sistematização sobre a quantidade de sementes entregues para que a RSC possa verificar se terá estoque para atender aos pedidos feitos de última hora. Quem deixa para comprar agora no final, acaba tendo essa restrição com relação a variedade e a quantidade disponível”, alerta a Presidente ao lembrar que a entrega de sementes pelos coletores acontece duas vezes ao ano. As sementes de gramíneas/capins são entregues anualmente no mês de julho.

     

                       Presidente da RSC  Camila Motta anotando as informações sobre a coleta

     

     

    O Projeto

     

    Em busca de contribuir com a conservação do Cerrado brasileiro, a Rede de Sementes do Cerrado vem promovendo por meio de pesquisas, informações técnicas e científicas e também, através do Projeto “Mercado de Sementes e Restauração: Provendo Serviços Ambientais e Biodiversidade”, a restauração deste importante bioma na Região Central do País.  O projeto conta com o apoio do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF) e do Instituto Caixa Seguradora.

    Vale ressaltar que as espécies nativas do Cerrado comercializadas pela RSC são utilizadas na restauração ecológica pelo método de plantio denominado semeadura direta. Essas sementes são coletadas por pequenos produtores rurais, assentados e quilombolas que integram a Associação Cerrado de Pé.

    Além da conservação ambiental, a iniciativa gera o complemento de renda de mais de 60 famílias que vivem na região da Chapada dos Veadeiros (GO). 

    Publicado em 11/11/2020

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