Setembro é o mês do Cerrado! Aproveitando que os olhares estão voltados para o bioma, em virtude da data comemorativa, o Semeando Cerrado, o Podcast da Rede de Sementes do Cerrado (RSC) destaca sua importância e aborda sobre o desmatamento, um tema que requer a nossa atenção. Um Relatório Anual do Desmatamento do Brasil, divulgado pelo MapBiomas traz um dado preocupante. Em 2021, a Amazônia e o Cerrado concentraram mais de 89% de todo o desmatamento registrado no Brasil, um aumento de 20% na devastação do Cerrado. Isso representa uma perda de meio milhão de hectares.

A savana mais diversa do mundo vem desaparecendo de forma acelerada e, para falar sobre este assunto conversamos com o pesquisador que atua em conservação e uso sustentável do Cerrado e água, Yuri Salmon. O diretor executivo do Instituto Cerrados explicou que praticamente 50% do bioma já foi desmatado. Neste contexto as regiões Sul e Sudeste foram mais degradadas, no entanto a devastação aumenta para a área norte, principalmente à região do Matopiba.

Sobre as consequências do desmatamento, Yuri Salmon pontuou que já são evidentes. “No ano passado tivemos uma crise hídrica, um desabastecimento que trouxe como consequência a falta de água e falta de energia. Mas isso não acontece simplesmente porque choveu menos, eventualmente têm sido mais escassas nos períodos secos e têm se concentrado mais densamente em pequena parte, no entanto, nós temos o empilhamento de fenômenos. A mudança no uso do solo, da maneira mais simples a gente pode chamar de desmatamento, em áreas que antes eram ocupadas por vegetação nativas traz alterações no ecossistema”, pontuou.

Yuri Salmon detalhou que, ainda de forma tímida o tema desmatamento vem ganhando mais espaço no campo midiático. Isso se compararmos com alguns anos, mas quando se fala de desmatamento, os holofotes ainda estão muito focados na Amazônia. Para ele, “falta um olhar mais atento de todos para o desmatamento no Cerrado e o Cerrado e a Amazônia são biomas irmãos. Em grande parte da água que isso ocorre no Rio Amazonas nasce nas cabeceiras que estão no Cerrado. Temos visto, por exemplo, o Xingu de cabeceiras. Estão no Cerrado é ampliar uma crise hídrica e impactar a Amazônia”.