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    Intercâmbio promove troca de experiências e fortalece grupos de coletores e restauradores

    Com o objetivo de promover a troca de conhecimentos e experiências entre os participantes, enriquecendo suas práticas de coleta e restauração ambiental, a Rede de Sementes do Cerrado (RSC) em parceria com a Associação de Coletores Cerrado de Pé (ACP) realizou nos dias 28 e 29 de maio um Intercâmbio de Coletores. A iniciativa reuniu sete grupos de coletores e restauradores de sementes nativas de várias regiões do Cerrado.

    No decorrer do evento, os grupos compartilharam suas experiências de coleta e abordaram questões relacionadas a acordos, legislação,governança, técnicas de coleta com ênfase em capins e restauração. Adicionalmente, foram discutidos desafios diversos, tais como a adequação da estrutura física das casas de sementes, a implementação de novas tecnologias, processos de formalização, estratégias de comercialização, estabelecimento de acordos e parcerias, bem como o incentivo ao engajamento dos coletores mais jovens.

    Vice-presidente da RSC, Anabele Gomes, destacou a importância do evento. “O objetivo é fazer essa troca entre grupos de diferentes níveis de experiência. Grupos mais antigos, que já coletam e restauram, e grupos mais novos, que estão começando e querem melhorar. Vamos conhecer áreas de restauração e coletar capim, unindo todos em prol do Cerrado”, disse.

    Coordenadora do Núcleo de Produção de Sementes e Responsável Técnica da RSC, Natanna Horstmann enfatizou que a promoção do intercâmbio entre os grupos tem como finalidade o diálogo e o aprendizado. "Estamos promovendo um intercâmbio entre grupos de coletores para que eles aprendam uns com os outros sobre o processo produtivo. Conversamos sobre organização, potencial de coleta, divisão de pedidos e técnicas de produção. Esperamos que isso fortaleça a coleta e a governança dos grupos."

    A coletora da Rede de Sementes do Paraíso no Norte de MG, Madalena Izabel Souza Ferreira, compartilhou sua trajetória e ressaltou a importância das trocas de experiências durante o intercâmbio. "Eu sou Madalena, da cidade São João do Paraíso. Sou bióloga, restauradora e coletora de sementes. Minha relação com a coleta começou na infância, inspirada pela minha família de agricultores e pela minha paixão pelo Cerrado. Nas minhas caminhadas, sempre coletei frutos como caju e manga, e observava o êxodo rural. Queria encontrar uma maneira de manter as pessoas no território, o que me levou a começar a coletar sementes em 2017."

    Ela explicou como sua jornada impactou sua vida e comunidade: "Faço de tudo, desde diagnósticos de área até projetos de restauração. Consegui, junto com a comunidade, restaurar 70 hectares de áreas de recarga hídrica. Esses projetos, realizados com a ajuda de parceiros, também criaram oportunidades de renda para jovens locais. Agora temos uma casa de sementes, um espaço para encontros e atividades."

    Madá, como é conhecida, destacou o papel da rede de sementes: "O intercâmbio oferecido pela RSC foi fundamental pois ofereceu conhecimento teórico e prático. O intercâmbio entre as redes é valioso, pois nos permite compartilhar soluções para desafios comuns. Isso fortalece nossa prática e a governança dos grupos, melhorando a qualidade e diversidade das sementes coletadas."


    Além da Cerrado de Pé, o intercâmbio contou com a participação de representantes de outras instituições como Rede de Coletores do Oeste da Bahia; Rede de Sementes do Araguaia; Cooperativa dos Agricultores Familiares e Extrativistas do Vale do Peruaçu (COOPERUAÇU); Coletores Geraizeiros e Associação dos Produtores Agroecológicos do Alto São Bartolomeu (Aprospera).


    Programação
    Durante o intercâmbio, os participantes visitaram a Casa de Sementes da Cerrado de Pé, onde puderam adquirir conhecimento sobre o processo de recebimento das sementes e participar de uma demonstração prática da coleta de capim. Estiveram na região do Pouso Alto, onde realizaram a coleta de capins. Além disso, foram às áreas de restauração no Mulungu enriquecendo o aprendizado prático de todos os envolvidos.

    Sobre o projeto
    Executado pela Rede de Sementes do Cerrado (RSC), o Projeto “Tecendo Redes e Espalhando Sementes” vai beneficiar cerca de 320 famílias distribuídas em 52 comunidades. A iniciativa é financiada pelo projeto Cerrado Resiliente – CERES, por meio do Fundo de Promoção de Paisagens Produtivas Ecossociais (PPP-ECOS) gerido pelo Instituto População Sociedade Natureza (ISPN).

    Publicado em 29/05/2024

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