A equipe da Rede de Sementes do Cerrado realizou entre os dias 22 a 24 de março, no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, a oficina de Coleta e Beneficiamento de Sementes. A capacitação, que teve como foco a troca de experiências, contou com a participação de coletores da região da Área de Proteção Ambiental das Cavernas do Peruaçu (MG), da APA Nascentes do Rio Vermelho (GO), Reserva de Desenvolvimento Sustentável Nascentes Geraizeiras (MG), Chapada dos Veadeiros (GO) e Distrito Federal.
Coletora Geraizeira de Montezuma (MG), Fabrícia Santarém Costa, destacou os benefícios da oficina para a prática das atividades que serão desenvolvidas na região do Norte de Minas. “Viemos para aprender um pouco mais sobre como realizar a coleta, e a oficina foi muito construtiva, pois estamos montando um grupo de coletores na nossa cidade, e a prática do beneficiamento de sementes, por exemplo, ainda não era aplicada em nosso meio, mas a partir de agora vamos introduzi-la”, afirmou.
Membro da Comunidade Kalunga, dona Adelice Faria Silva, que é coletora do município de Teresinha (GO), ficou surpresa ao saber que poderá coletar sementes de gramíneas. “Na minha comunidade a gente só coletava sementes de árvores. Na oficina, tive a oportunidade de conhecer espécies de sementes que não sabia que existiam, além de aprender a fazer a coleta deste tipo de sementes”, destacou.
Representante da Cooperuaçu, uma cooperativa dos agricultores familiares, indígenas, quilombolas e agroextrativistas do Vale do Peruaçu, Joel Araújo Siqueira, de Januária (MG), afirma que as sementes terão outro destino na cooperativa, uma vez que o foco do grupo era apenas a produção polpas e geleias. “Com a oficina aprendemos a utilizar dessas sementes que acabavam sendo inutilizadas, e ficou mais claro todo o processo de coleta, produção e venda. Com esta capacitação conseguiremos socializar todo o conhecimento e vamos buscar fazer parte do Projeto Mercado de Sementes e Restauração: Provendo Serviços Ambientais e Biodiversidade”, acrescentou.
Já o coletor Geraizeiro Wadmilson, de Rio Pardo (MG) adianta que pretende transmitir os conhecimentos adquiridos durante a oficina aos demais coletores de sua região. “Mais do que ensinar sobre a forma correta de realizar a coleta das sementes, foi possível adquirir experiências que serão transmitidas aos demais coletores. As oficinas abordaram a importância do Cerrado, a necessidade de valorizá-lo para que continue sendo fonte de vida e de renda para todos nós”, reforçou.
Avaliando positivamente o resultado deste intercâmbio de coletores, o analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e coordenador do Projeto “Mercado de Sementes e Restauração: Provendo Serviços Ambientais e Biodiversidade”, Alexandre Sampaio, destacou a importância da conservação do Cerrado. “Conhecer o cerrado, poder colher suas sementes e frutos é um privilégio, uma oportunidade que hoje cada vez menos pessoas têm, portanto precisamos mostrar uns aos outros a necessidade de conservação da natureza, pois a qualidade de vida está ligada a este trabalho. Temos um longo caminho pela frente, mas juntos de mãos dadas podemos alcançar os resultados que buscamos”, completou.
Publicado em 26/03/2019